Contra todas as expectativas, Neuralink testa pela primeira vez seu implante cerebral em um humano

A start-up americana Neuralink, cofundada por Elon Musk em 2016, realizou com sucesso a implantação de seu primeiro dispositivo cerebral em um ser humano. Anunciada em 29 de janeiro, esta operação foi inesperada devido às controvérsias que cercavam os experimentos anteriores em animais.


Especificamente, o chip cerebral chamado N1 é equipado com 1.024 eletrodos distribuídos em 64 fios ultraflexíveis. Após a implantação, esses eletrodos capturam os dados relacionados à atividade neuronal associada aos movimentos, transferindo em seguida essas informações para os computadores da Neuralink.

Elon Musk também revelou o nome do primeiro produto derivado dessa tecnologia: Telepathy. Segundo ele, esse produto permitirá controlar computadores e telefones pelo pensamento, oferecendo uma solução inovadora para pessoas que perderam o uso de seus membros. Uma visão ambiciosa, sugerindo até a possibilidade de uma comunicação mais rápida que a de um digitador para indivíduos como o falecido Stephen Hawking.


Apesar desses avanços, a Neuralink enfrentou críticas devido aos experimentos anteriores, que levaram à morte de 1.500 animais desde 2018. Em um experimento realizado em 2022, uma denúncia foi feita porque apenas 7 dos 23 macacos usados como cobaias sobreviveram aos testes. Essas controvérsias levaram a empresa a ser investigada federalmente por violação das leis de proteção animal. No entanto, em maio último, a Agência Americana de Administração de Alimentos e Medicamentos, a FDA, deu luz verde à empresa californiana.

A empresa de Elon Musk não é pioneira no campo dos implantes cerebrais. Pesquisadores franceses do Institut Cinatec apresentaram em 2019 um implante que permitia a um paciente tetraplégico se mover pelo pensamento. Da mesma forma, em setembro de 2023, a empresa holandesa Onward experimentou um acoplamento entre um implante cerebral e outro que estimula a medula espinhal, destinado a pacientes tetraplégicos.


Além do objetivo de devolver mobilidade a pacientes paralisados, a Neuralink tem a ambição de restaurar a visão dos cegos e de tratar doenças psiquiátricas. Elon Musk até considera tornar este implante acessível a todos, argumentando que a comunicação aprimorada com os computadores constitui uma defesa contra os riscos da inteligência artificial.