O sonho de extrair recursos lunares está tomando uma nova dimensão. Para alcançar esse objetivo, a China considera construir um lançador magnético na Lua.
Inspirado pelo movimento de um atleta no lançamento de martelo, esse sistema rotativo pode revolucionar a exploração espacial.
Os pesquisadores chineses planejam usar uma combinação de energia solar e nuclear para alimentar o lançador. Uma parte significativa da energia utilizada seria recuperada após cada lançamento, reduzindo, assim, os custos operacionais.
Graças à ausência de atmosfera e à baixa gravidade da Lua, esse sistema poderia enviar cargas a um custo muito inferior até a Terra, reduzindo em 90% as despesas atuais ligadas ao transporte espacial. Uma oportunidade única, segundo os pesquisadores do Instituto de Engenharia de Satélites de Xangai.
O principal objetivo deste ambicioso projeto é a extração e o retorno do hélio-3, um isótopo raro na Terra, mas abundante na Lua. Este isótopo pode desempenhar um papel crucial na produção de energia por fusão nuclear, uma tecnologia ainda em desenvolvimento.
Na Terra, as reservas de hélio-3 se limitam a apenas 0,5 tonelada, enquanto se estima que o solo lunar contenha quase um milhão de toneladas. Quantidade suficiente para atender às necessidades energéticas do planeta por mais de mil anos, afirmam os pesquisadores.
O sistema de lançamento incluiria um braço rotativo de 50 metros com um motor supercondutor, capaz de atingir a velocidade de escape lunar em 10 minutos. A trajetória de lançamento precisará ser calculada com precisão extrema para garantir o retorno seguro das cápsulas.
A China planeja colaborar com a Rússia para construir uma estação de pesquisa no polo Sul da Lua até 2035. Este projeto exigiria um investimento de 130 bilhões de yuans (16,5 bilhões de euros), mas poderia se tornar lucrativo em um ano com a extração do hélio-3.
Os desafios são muitos: a estabilidade do braço rotativo, a resistência à radiação e à poeira lunar, entre outros. No entanto, os pesquisadores esperam que esse projeto se torne realidade até 2045.
O que é o hélio-3 e por que é tão valioso?
O hélio-3 é um isótopo leve de hélio, composto por dois prótons e um nêutron. Extremamente raro na Terra, ele é particularmente procurado por seu potencial na fusão nuclear, uma fonte de energia limpa.
Ao fundi-lo com deutério, um isótopo de hidrogênio, o hélio-3 pode gerar energia sem emissões de carbono e sem resíduos radioativos de longa duração. Sua presença abundante na Lua o torna um recurso estratégico para futuras missões de exploração e exploração espacial.