O telescópio espacial James-Webb (JWST) revelou uma observação inesperada: a maioria das galáxias observadas no Universo profundo gira no mesmo sentido (de acordo com uma referência arbitrária). Essa descoberta pode questionar nossa compreensão sobre o nascimento do Universo e sugerir ligações intrigantes com a cosmologia dos buracos negros.
As galáxias espirais capturadas pelo JWST que giram no mesmo sentido da Via Láctea estão em vermelho, enquanto aquelas que giram no sentido oposto estão em azul. O número de galáxias que giram no sentido oposto ao da Via Láctea, conforme observado da Terra, é significativamente maior.
Desde seu lançamento em 2022, o telescópio JWST tem fornecido imagens inéditas do Universo primordial. Um estudo recente, baseado na análise de 263 galáxias, mostra que dois terços delas giram no sentido horário, enquanto apenas um terço gira no sentido inverso. Essa assimetria intriga os cientistas, pois, em um Universo aleatório, seria esperada uma distribuição equilibrada.
Uma rotação cósmica surpreendente
As galáxias, essas imensas estruturas compostas de estrelas, gás e matéria escura, giram em torno de si mesmas. No entanto, as observações do JWST revelam uma preferência inexplicável por uma direção de rotação. Essa descoberta, publicada nas Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, levanta questões fundamentais sobre as leis que regem o Universo.
Uma das hipóteses sugeridas é que o próprio Universo teria nascido em rotação. Essa ideia se alinha a teorias como a cosmologia dos buracos negros, que propõe que nosso Universo poderia ser o interior de um buraco negro situado em um universo "pai". Se essa hipótese for confirmada, isso implicaria uma revisão significativa dos modelos cosmológicos atuais.
Uma ilusão causada pelo nosso próprio movimento?
Outra explicação possível está relacionada à rotação da Terra ao redor do centro da Via Láctea. Esse movimento poderia criar um efeito Doppler, tornando as galáxias que giram no sentido oposto mais brilhantes e, portanto, mais visíveis. Se essa hipótese estiver correta, os astrônomos precisariam recalibrar suas medições de distância no Universo profundo.
Essa recalibração também poderia resolver outros enigmas cosmológicos, como as diferenças observadas nas taxas de expansão do Universo ou a existência de galáxias que parecem mais antigas que o próprio Universo. As implicações dessa descoberta podem, portanto, se estender muito além da simples rotação das galáxias.
Para saber mais: O que é o efeito Doppler em astronomia?
O efeito Doppler é um fenômeno físico em que a luz ou o som de um objeto em movimento parece mudar de frequência dependendo da direção do movimento. Na astronomia, esse efeito permite medir a velocidade das galáxias. Se uma galáxia está se afastando de nós, sua luz é desviada para o vermelho; se está se aproximando, é desviada para o azul.
Nas observações do JWST, o efeito Doppler poderia explicar por que as galáxias que giram no sentido oposto ao da Via Láctea parecem mais brilhantes. Isso poderia criar uma ilusão de assimetria na rotação das galáxias, exigindo uma recalibração das medições de distância.